(imagem retirada da internet)

Cá, na cidade pequena, o palco está montado. Embora as festas municipais sejam comemoradas na semana de 10 de Junho, em honra de Sto. António, há sempre uma outra festa durante o mês de Agosto para celebrar o regresso do emigrante, sendo assim, o palco está montado.

Quem passa por ele não liga muito. Agora, de manhã, está vazio e mais não passa do que uma estrutura de madeira sem vida, sem cor.

Ver um palco abandonado faz-me alguma diferença. Penso nas canções que foram interpretadas, nos passos de dança realizados e em toda a magia que se sente quando se está em cima dele. Vê-lo, assim, sem vida quase que é um contra-senso.

Talvez por isso eu não tenha de pensar duas vezes antes de dizer "podem ir para cima do palco". Os meus sobrinhos, o Rúben e a Filipa, saltam de alegria e os seus sorrisos levam-me a sorrir também.

Cantar não é a grande habilidade do Rúben e dançar não é a grande habilidade da Filipa, então e Filipa canta e o Rúben dança.

As pessoas que vão passando deitam olhares divertidos mas apenas eu fico a olhar, com atenção, aquelas duas crianças que estão, quem sabe, a sonhar em cima do palco.

- Billie Jean it's not my lover.

- Annie are you ok?

- Thriller, thriller night.

São três frases que a Filipa diz, num inglês ainda por inventar, enquanto simula um microfone na mão direita. Mais atrás, o Rúben dança desajeitadamente os mesmos passos que viu na tv.

É bonito de ver.

A paixão súbita de ambos por Michael Jackson tem muito que ver com o que aconteceu no dia 25 de Junho mas isso é relativo, completamente relativo. Mais cedo ou mais tarde, acabariam por descobrir a magia de Michael e essa paixão que, garanto, é tão intensa, em nada seria diferente.

Perdi a conta ao número de vezes em que a Filipa, de (quase) 5 anos, pede para ver vídeos ou ouvir as músicas.

Perdi a conta ao número de vezes que vi o Rúben, com os seus recentes 9 anos, a imitar os passos de dança.

E perdi a conta ao número de vezes que sorrio sempre que eles fazem isso.

É magia!

A Filipa disse uma vez, e eu já o referi aqui, que sabe que a magia não existe... Mas que o Michael tem magia.

É, de facto, magia.