You have me for the rest of your life

You don't need to marry me

You'll always have me.

Brooke Shields para Michael Jackson

Oprah Winfrey: Alguma vez estiveste apaixonado?

Michael Jackson: Sim.

Oprah Winfrey: E foi pela Brooke Shields?

Michael Jackson: Sim. 

O discurso de Brooke Shields no memorial a Michael Jackson:

Michael era único.

Estive a pensar em quando nos conhecemos e nos muitos momentos que passamos juntos; onde quer que fossemos, haviam fotos a serem tiradas e havia sempre uma legenda... A legenda costumava ser "oh! um casal" ou "um par pouco provável" mas, para nós, era a mais natural e fácil amizade.

Eu tinha 13 anos quando nos conhecemos e a nossa amizade cresceu desde esse dia.

Michael sempre soube que podia contar comigo para apoiá-lo ou ser o seu par e que nós nos diverteriamos, não interessa onde estivessemos.

Tinhamos uma ligação. Talvez porque compreendiamos o que era estar sobre as luzes da ribalta desde uma idade muito nova. Costumava provocá-lo e dizer-lhe "olha, eu comecei com 11 meses e tu começaste com quê? cinco anos? já eras velho". Ambos tivemos de ser adultos muito cedo mas quando estávamos juntos, eramos dois miúdos a divertirem-se.

Nunca trabalhamos juntos, nunca actuamos juntos nem dançamos no mesmo palco... Embora ele tenha tentado, em vão, durante uma noite, ensinar-me com sucesso o moonwalk mas apenas abanou a cabeça e cruzou os braços perante a minha tentativa.

Nunca filmamos um video nem gravamos uma canção; aquilo que nós faziamos era rir.

Havia sempre uma competição para ver qual de nós conseguia fazer o outro rir mais ou ser mais idiota.

Michael amava rir. O seu coração parecia saltar-lhe do peito quando ele ria. Ele adorava quando eu fazia imitações ou lhe contava histórias sobre a minha vida.

A gargalhada do MJ era a gargalhada mais doce e pura de todas as pessoas que alguma vez conheci; o seu sentido de humor era delicioso. Ele adorava brincar.

Lembro-me da noite antes do casamento da Elizabeth Taylor, ele chamou-me com alguma antecedência porque não queria estar sozinho durante os festejos e, era a noite antes do grande dia, Michael e eu tentamos esgueirar-nos para tirar a primeira foto do vestido. Nós agiamos como doidos e quase ficámos histéricos quando percebemos que a Elizabeth estava por acaso a dormir naquela cama... Nós pensavamos que ela estava num outro quarto. Rimos e fugimos.

Depois, no casamento, na altura da primeira dança, basicamente faziamos de conta que eramos o pai e a mãe da noiva.

Sim, pode ter parecido estranho para o mundo ver-nos como um casal mas nós divertiamo-nos e eramos reais.

Quando ele começou a usar a luva eu disse "mas o que é isso da luva?". Dise-lhe "se vais pegar na minha mão é melhor que o faças com a mão em que não usas a luva porque as lantejoulas magoam". Ele apenas abanou a cabeça e sorriu, adorava ser provocado.

Vê-lo sorrir fazia-me sentir que tudo iria correr bem.

Para o mundo exterior, Michael era um génio com capacidades infinitas; para as pessoas que tiveram a sorte de conhecê-lo pessoalmente ele era amável e divertido, honesto, puro, imparcial e era um amante da vida.

Ele tinha tanto amor pela sua família, pelos seus amigos e por os seus admiradores!

Foi apelidado de "O Rei" mas o Michael que eu conheci sempre me fez lembrar "O Principezinho" e, ao pensar nele agora, gostaria de partilhar uma passagem do livro:

" O que mais me comove neste principezinho adormecido é a sua fidelidade a uma flor, é a imagem de uma rosa que, mesmo a dormir, brilha dentro dele como a chama de uma vela. E ele parece-me ainda mais frágil. Porque, às velas, é preciso protegê-las: mal lhes dá o vento, apagam-se".

A sensibilidade de Michael era ainda mais extraordinária do que o seu talento e a sua verdade residia no seu coração. Como o "Principezinho" também diz "só se vê bem com o coração; o essencial é invisível para os olhos". Michael via tudo com o seu coração.

Para a sua família, para os seus irmãos e irmãs, Katherine e Joe, para os seus filhos, Prince, Paris e Blanket, as minhas orações estão com vocês.

A música preferida do Michael não era uma das grandes obras que ele criou, era uma música que Charlie Chaplin escreveu para o filme "Tempos Modernos". Chama-se "Smile". E há uma frase nessa canção que diz o seguinte "sorria apesar do seu coração estar a doer" e hoje, apesar dos nossos corações estarem a doer muito, precisamos de olhar para o céu onde, sem dúvida, Michael está a olhar-nos, sentado na meia-lua, e nós temos de sorrir para ele. 

discurso de Brooke Shields no "Michael Jackson's Memorial", 7 de Julho de 2009

nota: imagens retiradas da internet